Curso de Letramento Racial tem aula marcada por emoção e reflexão no TJMT

“Não tem como treinar a sensibilidade, mas é possível sensibilizar os sentidos”. A frase dita pela historiadora, socióloga e poeta Silviane Ramos sintetiza o tom da aula ministrada nesta sexta-feira (6 de junho), durante o Curso de Letramento Racial e Antirracismo promovido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Em uma manhã de trocas profundas e escuta ativa, a facilitadora emocionou os participantes ao falar sobre o impacto do racismo no cotidiano institucional e social, reforçando a importância da escuta acolhedora e da responsabilização coletiva.

A atividade contou com a participação de servidores(as) de diversas comarcas, divididos em grupos que compartilharam vivências, percepções e estratégias para construção de ambientes mais equitativos no Judiciário. Silviane destacou que o curso não se trata de uma capacitação técnica, mas de um processo de conscientização. “Letramento é mais que saber, é desvelar o que se quer esconder. Justiça sem cor é só ilusão nesse país”, afirmou, ao final, durante a leitura do poema autoral Justiça com cor e voz, escrito especialmente para o momento.

Além da roda de vivências e reflexões sobre escuta ativa e acolhimento, Silviane prestou homenagem à juíza Renata do Carmo Evaristo, coordenadora do Comitê de Promoção da Equidade Racial do TJMT, pelo trabalho à frente do mutirão que acelerou o julgamento de casos de racismo.

Curso e programação

O Curso de Letramento Racial e Antirracismo teve início no dia 2 de junho e seguiu com encontros nos dias 5 e 6, em formato online. A iniciativa é coordenada pela Escola dos Servidores e pelo Comitê de Promoção da Equidade Racial do TJMT, com apoio da Presidência. Com carga horária de 20 horas, o curso é voltado a magistrados, servidores e colaboradores, e propõe a reflexão crítica sobre o racismo estrutural, a desconstrução de estigmas e a valorização da diversidade étnico-racial nas práticas institucionais.

Nos primeiros encontros, os participantes tiveram acesso a conceitos fundamentais sobre branquitude, relações raciais, políticas afirmativas e protocolo de julgamento com perspectiva de raça. As aulas foram conduzidas por especialistas como o juiz João Bosco Soares, a juíza Claudirene Andrade, o pesquisador Wagner Mônantha e a própria Silviane Ramos.

Encerramento dia 13: evento híbrido e feira cultural

A culminância do curso será realizada no dia 13 de junho, das 8h às 12h e das 14h às 18h, em formato híbrido, com programação presencial no auditório Desembargador Gervásio Leite, na sede do TJMT, e transmissão online. A abertura contará com a participação de autoridades, incluindo o desembargador Juvenal Pereira da Silva, presidente do Comitê de Promoção da Equidade Racial, e o juiz auxiliar da Presidência, Emerson Luis Pereira Cajango, que fará o lançamento do novo Portal do Comitê e da Campanha de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial.

A programação inclui ainda palestras, painéis sobre boas práticas, roda de vivências com representantes de povos indígenas, ciganos, comunidades tradicionais e instituições parceiras, além da palestra de encerramento com Silviane Ramos, com o tema “Movimento interno pela equidade – Onde você guarda seu racismo?”.

Outro destaque é a realização da Feira das Potências Negras Criativas, premiada nacionalmente. Instalada na pérgola do TJMT, a feira reunirá expositores com produtos e criações de empreendedores(as) negros(as), além de intervenções culturais e rodas de conversa. A proposta é valorizar a cultura afro-brasileira, promover visibilidade ao afroempreendedorismo e integrar saberes ancestrais às ações de transformação social.

“Essa feira não é apenas uma exposição. É um espaço de trocas, de reconhecimento, de afetos e de afirmação”, destacou Silviane, convidando todos os participantes para estarem presentes física ou virtualmente no encerramento.

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