Finalista em Tóquio, Léo de Deus fica de fora de Paris-2024 mesmo atingindo índice olímpico
O nadador sul-mato-grossense e tricampeão sul-americano Léo de Deus está fora dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam em julho. O atleta atingiu o chamado índice olímpico, mas não foi chamado para integrar a Seleção Brasileira.
Quem define os integrantes é a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), que fechou em 18 atletas no último fim de semana. A seletiva aconteceu entre 6 e 11 de maio, na piscina da Comissão de Desportos da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
Entretanto, Léo não engoliu água e reclamou ao ser deixado de lado. “Mesmo que, ainda não esteja convocado oficialmente para compor o time olímpico do Brasil, deixo claro que sim, atingi o ‘índice A’ nas regras da World Aquatics e posso estar no Time do Brasil. Com isso, espero que os critérios adotados, de momento, pela CBDA sejam iguais para todos os atletas e as regras aplicadas a favor do melhor para o nosso Brasil e a Justiça igual para todos”, publicou o nadador no Instagram.
Léo atingiu o índice olímpico durante o Troféu Brasil do ano passado e poderia ser chamado para disputar os 200m borboleta na França, apesar de não ter alcançado bom resultado na seletiva.
A CBDA utilizou a seletiva como critério para a convocação, mas criou as ‘salvaguardas’. Com isso, atletas que nadaram abaixo do índice em eventos como os Mundiais de 2023 e 2024 e Jogos Pan-americanos poderiam ser convocados para provas que as cotas não fossem ocupadas na seletiva.
Leo participou de três desses eventos e da seletiva olímpica, ficando sempre acima do índice. Por isso a decepção ao não ser chamado. Entretanto, Marcelo Chierighini integrou a equipe com pouca diferença na trajetória do atleta campo-grandense.
Seletiva para as Olimpíadas
Três atletas atingiram o índice nas provas seletivas e quatro foram convocados utilizando a ‘salvaguarda’ da CBDA. Os outros 11 atletas da seleção forma convocados para compor os cinco revezamentos brasileiros classificados, como Chierighini.
“Quando eu bati na final dos 200m borboleta e vi 1min56s24, pensei: ‘Estou fora dos Jogos Olímpicos’. Mas a partir do momento que a confederação toma decisão assertiva de puxar um atleta que fez índice A que não estava dentro do critério, por que não fazer o mesmo com o Leonardo de Deus, que fez índice na mesma competição?”, questiona o atleta à coluna Olhar Olímpico do UOL.
Mas uma diferença foi crucial: Marcelo atingiu um dos critérios para entrar no Time Brasil ao conseguir a segunda colocação nos 100m livres na seletiva, mas Léo não.
Os atletas podem entrar nas vagas destinadas para homens, para mulheres e o ‘relay only’. Chierighini já tinha o índice e permitiu à CBDA não o contar para esta última credencial. O Brasil dispõe de 10 lugares no ‘relay only’.
Ao fazer isso, a CBDA abriu uma vaga de ‘relay only’ no time para Guilherme Bassetto ser chamado para ser o nadador de costas do revezamento misto.
“A brecha que a CBDA está abrindo nos critérios, ela abre porque nos critérios tem lá a letra G, que fala que ela que resolve casos omissos. Ela pode fazer o que ela bem entender pelo bem da natação brasileira. Eu entendo que faz bem ter o Marcelo inscrito com o tempo de Recife, assim como eu. Se ele está inscrito para fazer uma natação brasileira mais competitiva, eu também posso ser”, questiona Léo.
Aos 33 anos, o nadador da Unisanta disputou as três últimas Olimpíadas nos 200m borboleta — em Londres e no Rio, também competiu nos 200m costas e fazia planos para Paris-2024.
Em nota enviada à coluna, a CBDA ressalta que abriu sete possibilidades para os atletas alcançarem índice olímpico e acredita ter apurado a melhor seleção. Além disso, a confederação reitera que respeita toda forma de posicionamento dos atletas e a história de Léo.